terça-feira, 22 de junho de 2010

DORTS OU LER

DORT ou LER - Lesões causadas por esforços repetitivos
ou traumas no sistema músculo-esquelético.


Está síndorme é relatada desde a Idade Média (1700), quando Ramazzini, o pai da medicina do trabalho a descreve como "doença dos escribas e notórios”, que mais tarde aparece como "doença das tecelãs" (1920) ou "doença das lavadeiras" (1965).
O problema se amplia a partir de 1980, quando a doença que atinge várias profissões que envolvem movimentos repetitivos ou grande imobilização postural torna-se um fenômeno mundial, devido a grande evolução do trabalho humano e o aumento do ritmo na vida diária.

Representa uma síndrome de dor nos membros superiores, provocadas pelo uso inadequado e excessivo do sistema que agrupa ossos, nervos, músculos e tendões. Atingem principalmente os membros superiores: mãos, punhos, braços, ante-braço, ombros e coluna cervical. Típicas do trabalho intenso e repetitivo, as LER são causadas por diversos tipos de pressões existentes no trabalho, que atacam as pessoas tanto física quanto psicologicamente. Embora atinjam principalmente os membros superiores do corpo as LER podem afetar o ser humano como um todo.

Também é conhecido por L.T.C. (Lesão por Trauma Cumulativo) e por D.O.R.T. (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), mas na realidade entre todos estes nomes talvez o mais correto tecnicamente seria o de Síndrome da Dor Regional. A diferença entre LER e DORT, é que LER é a designação de qualquer doença causada por esforço repetitivo enquanto DORT é o nome dado as doenças causadas pelo trabalho. Alguns especialistas e entidades preferem, atualmente, denominar LER por DORT ou ainda LER/DORT. Contudo, como o nome L.E.R. se tornou comum e até popular, esta é a denominação adotada no Brasil, apesar de bastante imprópria, pois relaciona sempre tais manifestações com certas atividades no trabalho.

Por serem doenças que envolvem certas profissões, elas são consideradas doença do trabalho e muitas vezes levam o paciente à perda de dias de serviço afetando no andamento das empresas.

Estágios evolutivos da LER

a)Grau 1

- Dor localizada em uma região durante as atividades;

- Sensação de peso e desconforto no membro afetado;

- Melhora com o repouso;

- Tem bom prognóstico.


b) Grau 2

- A dor é mais persistente e intensa e aparece em varios locais durante a jornada de trabalho de modo intermitente;

- A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de formigamento e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade;

- Pode haver uma irradiação definida;

- Permite o desempenho da atividade profissional, mas já com reconhecida redução da produtividade;

- A recuperação é mais demorada mesmo com o repouso;

- Prognóstico favorável.


C ) Grau 3

- Dor desencadeada em outras atividades da mão e sensibilidade das estruturas;

- Dor torna-se mais persistente, é mais forte e tem irradiação mais definida;

- Pode aparecer dor em repouso ou perda de função muscular;

- É frequente a perda de força muscular e parestesias;

- Há sensível queda da produtividade, quando não impossibilidade de executar a função;

- O repouso em geral só atenua a intensidade da dor, nem sempre fazendo-a desaparecer por completo, persistindo o dolorimento;

- Os sinais clínicos estão presentes, sendo o edema frequente e recorrente; a hipertonia muscular é constante, as alterações de sensibilidade estão quase sempre presentes;

- Nessa etapa o retorno à atividade produtiva é problemático.


d) Grau 4

- Dor presente em qualquer movimento, dor em repouso e à noite;

- Dor intensa, contínua, por vezes insuportável;

- Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em geral se estende a todo o membro afetado;

- Aumento da sensibilidade;

- Perda de função motora;

- A perda de força e a perda de controle dos movimentos se fazem constantes Os paroxismos de dor ocorrem mesmo quando o membro está imobilizado;

- O edema é persistente e podem aparecer deformidades, provavelmente por processos fibróticos, redizindo também o retorno linfático;

- As atrofias, principalmente dos dedos, são comuns;

- A capacidade de trabalho é anulada e os atos da vida diária são também altamente prejudicados;

- Nesse estágio são comuns as alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.

Causas

A causa direta parece ser o uso excessivo de determinadas articulações do corpo, em geral relacionado a certas profissões. Os profissionais usuários de micro informática passam horas fazendo o mesmo movimento com as mãos ou braços, provocando uma inflamação das estruturas ósseas, ou nos músculos, nos tendões ou mesmo comprimindo nervos e a circulação. Existem várias doenças que podem ser enquadradas nesse grupo LER, cada uma delas com uma característica diferente, mas que irão levar no final aos sintomas de dor, fraqueza e fadiga das articulações, impedindo a pessoa de trabalhar normalmente.


Fatores Causadores:

Fatores Biomecânicos

- Ritmo acelerado de trabalho;

- Força excessiva com as mãos;

- Repetitividade de um mesmo movimento.


Fatores Ergonômicos

- Equipamentos inadequados;

- Equipamentos de trabalho mal ajustados.


Fatores Agravantes

- Ausência de pausa durante a jornada de trabalho;

- Traumatismos anteriores;

- Ambientes de temperaturas baixas ou muito altas.


Fatores Contribuintes

- Jornada prolongada de trabalho;

- Postura estática;

- Tensão excessiva;

- Móveis e equipamentos inadequados;

- Postura inadequada.


Sintomas

São vários os sintomas que podem aparecer devido a uma má posição e utilização do computador. Quando mais cedo se tratar estes problemas mais fácil será de prevenir possíveis deficiências físicas provenientes do mau uso do computador.
O sintomas que se seguem podem ser notados ao usar o teclado ou até mesmo quando as mãos estiverem em repouso. Estes distúrbios podem-se notar nas mãos, nos pulsos, nos braços, nos ombros, no pescoço e nas costas.

Como por exemplo:

-Formigueiro, ardor e dormência;

- Irritação, dor contínua ou sensibilidade;

- Dor, latejamento ou inchaço;

-Tensão ou enrijecimento;

-Fraqueza ou calafrios.


As Dorts mais comuns são:

a)Síndrome do Túnel do Carpo:

É provocada pela compressão do nervo Mediano, que vem do braço e passa pelo punho, numa região chamada túnel do carpo. Como resultado, esse nervo passa a ficar mais "fraco", provocando a sensação de formigamento e amortecimento dos dedos das mãos, principalmente dos dedos polegar, indicador e médio.


b) Tendinites dos Extensores dos dedos:

É uma inflamação dos tendões, em geral causada por excessivo uso daquela articulação envolvida. É mais comum nos punhos, nos joelhos, ombros e cotovelos.


c) Tenossinovite dos Flexores dos Dedos:

Os tendões flexores dos dedos estão recobertos por uma bainha sinovial, que faz com que a contração do músculo fique mais "macia". Quando ocorre a inflamação dessa bainha sinovial, usa-se o termo tenossinovite.


d) Tenossinovite Estenosante (Dedo em Gatilho):

Essa doença envolve os tendões flexores dos dedos das mãos, que passam por túneis dentro dos dedos. Se houver a formação de um nódulo sobre o tendão ou ocorrer um inchaço na bainha que o cobre, ele então se tornará mais largo, ficando comprimido nos túneis por onde ele passa. Conforme a pessoa mexe os dedos, ela irá sentir um estalo ou escutar um barulho na articulação envolvida, principalmente no meio dos dedos.


e) Epicondilite Lateral (síndrome do cotovelo do tenista):

É causada pela inflamação de um ou mais tendões que se inserem no epicôndilo lateral, ou seja, da parte de fora do braço ( os extensores curto radial do carpo, extensores longo do radial do carpo, extensor ulnar do carpo e extensores comum dos dedos).


f) Doença de Quervain:

Essa doença decorre da inflamação dos tendões que passam pelo punho no lado do polegar, dificultando o movimento do polegar e do punho, principalmente quando for pegar algum objeto ou rodar o punho.


Tratamento das Dorts

A conduta de tratamento depende do estágio da doença, e quanto mais cedo for feito o diagnóstico e a intervenção for feita menos invasivo será o tratamento, pois o tratamento dificilmente tem resultado após a sua cronicidade.

O objetivo fundamental do plano de tratamento é eliminar ou minimizar a intensidade dos fatores físicos que causaram ou agravam a L.E.R., pois uma vez eliminados, dão lugar ao processo natural de recuperação do organismo.

Os principais tratamento são:

Conduta medicamentosa

- Antiflamatório;

- Analgésicos;

- Vitaminas;

- Repouso / afastamento 10 a 15 dias, quando for grau III ou IV;

- Imobilização - Minimiza o estresse local prevenindo traumas adicionais.


Conduta Terapeutica

- Cinezioterapia;

- Técnicas de relaxamento e Reeducação postural global ( RPG);

- Alongamentos;

- Crioterapia;

- Eletroterapia;

- Recursos alternativos – Yoga, naturopatia, taichi, além da acupuntura mostram-se úteis para o alívio da dor por curtos períodos.


No retorno do empregado ao trabalho, será disponibilizada a sua readaptação gradual devida as suas condições físicas.

Havendo recomendação escrita do CRP - Centro de Reabilitação Profissional para que o empregado reabilitado não exerça atividades que envolvam movimentos repetitivos, o setor de Recursos Humanos, em conjunto com os agentes multiplicadores, deverá sugerir atividades alternativas, visando à recolocação e reabilitação compatível com as condições físicas do empregado.

Drª Marcia Neves
Fisioterapeuta
Especialidades:Fisioterapia, Reeducação Postural Global (R.P.G), Pilates, Estética Facial e Corporal.
Contato:(21)2524-4933 / (21)3027-8393 8688-3331
Av. Treze de Maio 23 sala 1734 e 1733 - Centro - Rio de Janeiro - R.J Cep: 20031-007
E-mail:fisiospamn@gmail.com

Um comentário:

  1. Achei muito legal as informações de seu blog. Sou nutricionista e totalmente leiga em fisioterapia. Minha dor nos ombros, q antes era apenas estalo, irradiou para cervical e agora até meu pescoço estala e dói. Tenho adiado ir a um fisioterapeuta pelo momento apertado, mas o que li me fez vontade de saber o que realmente tenho. Adorei!

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